Dona Inês: cultura, sabores e histórias no Brejo paraibano
- JP Agenda
- 31 de ago.
- 3 min de leitura
Atualizado: 1 de set.
Festival de Inverno das Serras oferece arte quilombola, gastronomia com umbu e música gratuita a 144 km de João Pessoa
Já imaginou observar um artesão transformar madeira em arte diante dos seus olhos? Provar um café quilombola repleto de sabor e história? Deliciar-se com um jantar de três tempos, onde o umbu é o protagonista? E ainda curtir música de alta qualidade?
Pois é exatamente isso — e muito mais — que você encontra em Dona Inês, cidade acolhedora localizada a 144 km de João Pessoa.
Com clima ameno durante quase o ano todo — a temperatura média anual gira em torno de 22,5°C —, e o inverno chega com um friozinho gostoso, perfeito para tirar aquele casaco do armário e aproveitar com ainda mais charme.
Fomos convidadas para a abertura do Festival de Inverno das Serras e mergulhamos de cabeça na riqueza cultural e gastronômica desse lugar especial.
A primeira parada foi no ateliê de Sérgio Teófilo, artista quilombola que leva o nome da Paraíba para o mundo através de seus pássaros esculpidos em madeira. Iniciado na cerâmica, ele migrou para a madeira e conquistou reconhecimento nacional e internacional. Em poucos minutos, pudemos acompanhar o nascimento de uma escultura — do tronco bruto até os detalhes finais —, testemunhando ao vivo seu talento extraordinário.
Em seguida, fomos recepcionadas por um grupo musical e um café quilombola verdadeiramente especial: tapioca, beiju, pé-de-moleque e aquele cafezinho que aquece a alma. Aproveitamos para ouvir as histórias da Comunidade Quilombola Cruz da Menina — certificada pela Fundação Palmares em 2008 — e experimentar doces artesanais. Não deu para resistir: levamos para casa o doce de umbu.
A comunidade, formada por cerca de 150 famílias, é um exemplo vivo de resistência e cultura afro-brasileira. Reza a lenda que o nome “Cruz da Menina” nasceu de uma triste, porém milagrosa, história: Dulce, uma criança que em época de seca pediu água e comida a um fazendeiro e foi negada. No local onde ela faleceu, brotou uma fonte — vista como milagre —, transformando o local em ponto de peregrinação e símbolo de luta.
A chuva nos impediu de visitar o mirante e a capela onde repousa a cruz, mas a vista, dizem, é deslumbrante.
Para o jantar, fomos ao Bar da Cícera. Com apoio do Sebrae, que capacitou moradores no manejo do umbu, a proprietária incorporou a fruta típica em todo o cardápio. Começamos com uma salada tropical com molho de umbu, seguida por um incrível risoto de umbu com carne de sol. Para fechar com chave de ouro: um mousse de umbu de derreter. Tudo feito com polpa produzida localmente — fortalecendo a economia em torno desse fruto tão generoso na região.
Para finalizar a noite, um concerto do PRIMA (Programa de Inclusão através da Música e das Artes), com repertório que mesclou clássicos e melodias regionais.
Na praça em frente à igreja matriz, uma feirinha de artesanato e comidas típicas animava o público. E os shows de Beto Pholux, Tadeu Mathias e Renata Arruda encerraram a noite com energia alta e muita música boa.
Dona Inês é daquelas cidades que ficam no coração. Cultura, gastronomia, história e gente acolhedora — tudo isso a poucos quilômetros da capital. Vale cada minuto da viagem!
E ainda tem mais que não deu pra fazer tudo num dia só! Dona Inês faz parte da trilha de longo percurso Caminho das Ararunas e também é ideal para ecoturismo!


















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