Terapia em OffBeat: um espaço sobre psicologia e ritmos musicais.
- Libna Alves
- 16 de jul.
- 2 min de leitura
O termo offbeat, originário do universo da música eletrônica, refere-se a uma forma de desconstruir uma música do estilo prog (Progressive), atribuindo novos elementos. Aqui pretendo desconstruir e atribuir novos elementos à forma de praticar a psicoterapia no cotidiano popular. Utilizando de ritmos como o maracatu, samba e reggae, responsáveis pelo swing que dá vida e movimento à música. No linguajar popular, seria como o triângulo que "corta o passo" no forró pé-de-serra, saindo do ritmo esperado, mas justamente por isso adicionando um molho especial à música.

Transpondo esse conceito para a psicologia, essa coluna surge como um espaço, que rompe com os moldes tradicionais ao integrar música, cultura popular nordestina e instrumentos de percussão ao processo terapêutico da vida cotidiana. A ideia central é que, assim como na música, a vida nem sempre segue um ritmo linear e previsível. Muitas vezes, são nos momentos de descompasso – as crises, os traumas, as incertezas – que trazem as maiores oportunidades de crescimento e ressignificação.
Essa perspectiva dialoga com grandes pensadores da psicologia, por exemplo, Viktor E. Frankl, que fala da liberdade de escolha diante das circunstâncias, mesmo nas situações mais caóticas é possível encontrar um sentido para a existência. Jeffrey Young, por sua vez, destaca o poder das memórias afetivas atuais na reparação de traumas. Já a Marsha Linehan, com sua Terapia Comportamental Dialética, mostrou como técnicas de regulação emocional e meditação podem ajudar a navegar pelos "ritmos desencontrados" da mente.
A proposta da Terapia em OffBeat é justamente utilizar a riqueza da música popular e instrumentos de percussão – com seus batuques sincopados e letras carregadas de sabedoria ancestral – como ferramenta de cura. Assim como foi no Manguebeat, um movimento social e musical, onde a alfaia unia revolução, pertencimento e ressignificação, aqui esses mesmos elementos servirão de metáfora para os processos psíquicos.
Afinal, se nossa vida interior tem seu próprio ritmo – às vezes acelerado pela ansiedade, outras vezes arrastado pela depressão – por que não aprender a dançar nesse compasso, mesmo quando ele parece irregular? Como bem diz a sabedoria popular: "Nem tudo que balança cai; às vezes só tá no swing do maracatu". A Terapia em OffBeat convida a encarar os contratempos da existência não como falhas, mas como parte essencial dos ritmos que nos compõe.
Dessa forma, esse cantinho terapêutico se apresenta como uma filosofia de vida, uma maneira de ressignificar o caos, encontrar beleza no desequilíbrio e, acima de tudo, continuar dançando, mesmo quando a música parece desafinar.



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